Caminho de ferro

A Linha férrea da Mina de São Domingos ao Pomarão, igualmente conhecida como Ramal das Minas de São Domingos, foi uma rede ferroviária, privada e isolada do sistema ferroviário português, que tinha como principal objectivo transportar a produção de pirite das Minas de São Domingos para o porto fluvial do Pomarão, no Rio Guadiana, onde era descarregado para navios.
Era igualmente usada para trazer para a Mina São Domingos todos os equipamentos e matérias primas necessárias para a laboração da mina e todos os serviços periféricos.
A sua utilização para o transporte de pessoas estava proibida sendo apenas permitida a utilização por técnicos da empresa nas suas deslocações aos vários locais de transformação do minério como a Moitinha e Achada do Gamo.
A rede ferroviária das Minas de São Domingos era composta essencialmente pelo trajecto desde o couto mineiro até às instalações portuárias no Pomarão,
Tinha uma extensão total de aprox. 17 km, com 5 estações intermédias – Achada do Gamo,Telheiro,Santana de Cambas , Salgueiros e Corte Machado num traçado muito sinuoso e que incluía 6 túneis na parte final do trajecto
Existiam 2 tipos de bitola,uma no interior da mina no circuito de carga e descarga do minério com uma distancia entre carris de 22” ( 55,88 cm ) e outra no exterior para os restantes percursos com (3 pés e 6 polegadas- (106,66 cm).
Nas galerias, os vagões de 900kg eram empurrados até aos elevadores pelos mineiros sendo conhecido apenas a existência de uma pequena locomotiva eléctrica a baterias já no final da exploração.
Os vagões no inicio da exploração eram puxados para fora da mina por um complexo sistema accionado por motores a vapor e que iriam ser substituídos pelo Sistema de corda-se-fim em 1912.
Inicialmente foi utilizada a tracção animal para puxar os vagões de minério conhecido por wagonway tendo-se depois adoptado toda a tracção por locomotivas a vapor.
As locomotivas foram fabricadas por vários fabricantes ingleses excepto duas delas que foram fabricadas nas oficinas da empresa.
Em termos de material rebocado, os vagões utilizados em 1872 pesavam 2 toneladas, e tinham um corpo em ferro e chassis em madeira de carvalho, com 4 rodas revestidas com aros de aço; o reservatório tinha capacidade para cerca de 4 toneladas de minério, e possuía uma abertura lateral, para o descarregamento do minério.
Tal como aconteceu com outros jazigos mineiros no Alentejo, como as Minas da Caveira, Juliana e Aljustrel, o transporte do minério era feito originalmente por almocreves, utilizando carroças puxadas por mulas ou cavalos, tendo a estrada sido posteriormente alargada e melhorada, para facilitar as deslocações.
Pouco tempo depois, foi instalada uma via férrea, onde inicialmente continuou a ser utilizada a tracção animal; entretanto, com o desenvolvimento da produção, ao fim de pouco tempo este tipo de propulsão deixou de ter capacidade suficiente para escoar a produção, pelo que por volta de 1862 começaram a ser utilizadas locomotivas a vapor à superfície, embora no interior das galerias continuassem a ser utilizados animais para rebocar os vagões. Esta foi uma das primeiras linhas de via estreita em Portugal.
A construção da via férrea, entre outras medidas, permitiu uma redução nos custos de transporte do minério. No entanto, a dependência dos almocreves em relação à mina era muito grande, pelo que a população insurgiu-se contra os comboios a vapor, chegando até a sabotar as vias férreas.
Embora no início fosse muito condicionada, a rede ferroviária foi-se desenvolvendo à medida que a exploração foi aumentando; nos inícios do Século XX, o número de locomotivas chegou a atingir as dezenas, e os vagões centenas. Assim, o caminho-de-ferro tornou-se uma parte integrante não só das operações mineiras, mas também da vivência local, regendo-se várias localidades, como Santana de Cambas, pelos movimentos dos comboios e dos navios no Pomarão.
Nos primeiros anos da República, o horário dos maquinistas e do pessoal ligado aos caminhos de ferro foi fixado em 10 horas, das quais 8 horas e meia eram de trabalho, no âmbito de nova legislação lançada pelo governo, que procurou melhorar as condições de trabalho.
Na Década de 1950, as reservas existentes começaram a escassear, tendo a mina encerrado em 1965.
Nos anos seguintes todo o material circulante e as infraestruturas (linhas, pontes, etc.) foram desmanteladas e vendidas com sucata.

 

 

Mapa da linha de caminho-de-ferro entre a Mina de São Domingos e o Pomarão.

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