Guia de Portugal-Pomarão e Mina de São Domingos1927

Ano: 
1927
Descrição: 

Pelo Guadiana abaixo ate Pomarão (carreiras diárias desde 1 de Julho a 31 de Outubro, e nos outros meses duas vezes por se mana). A menos de 5 km. de Mértola (que é, como se sabe, o limite de navegabilidade do rio), a ilheta da Horta do Rei, e logo depois uma grande rocha quasi a pique (Penha da Aguia). Cerca de 3 km. mais abaixo a Penha do Vigario. A vista torna-se muito interessante para ambas as margens. A dir. aflui o Carreiras, e em seguida há outra rocha, bastante elevada. conhecida pelo nome de Rocha dos Grifos (p. ). O Guadiana desvia-se um pouco para E. e vê-se Pomarão pitorescamente situada sobre um promontório rochoso na confluência do Chança e a 14,km 5 de Mértola, junto de um dos mais belos, espelhentos e tranquilos lagos feitos pelo Guadiana no seu curso placidamente divagante. Pomarão (Hosp. de José Martins razoavel) é o ponto de embarque do mineral extraído das minas de S. Domingos, com as quais está ligado por uma linha férrea privativa (p. 166). Para o trajecto de Pomarão a Vila Real de Santo Antonio v., p. 213-214. di A Mina de S. Domingos (17 km.)- É uma importantissima mina de pirite cúprica, assente na serra de S. Domingos, na camada de xistos argilosos que neste ponto atravessam o Alentejo. Descoberta em 1857 por Nicolau Biava, foi, porém, explorada desde os tempos mais remotos, e nomeadamente pelos Romanos. (Cf. Revista de Obras Publicas e Minas, tômo XIV, 1883, p. [185]-284, [377]-408; XV, 1884, p. 480-540, [579]-651).

A concessão pertence à Companhia Sabina, mas a exploração mineira foi arrendada à casa Mason and Barry, de Londres. Em 1915 1.11% de cobre, produzindo o campo de cimentação 1.385 toneladas de cimento cuprico, com o teor de 72,78 %. Em 1859 existia aqui apenas uma única casa, erecta no local onde se acha hoje a farmácia. Actualmente há cerca de 2.000, com 3211 hab., entre os quais 1.575 operários. O grande número das construções, as avenidas de saibro e as moitas de eucaliptos dão hoje à grande aldeia de S. Domingos um aspecto alegre e risonho.

Uma pequena hospedaria tem cómodos para os turistas, que podem descer à boca da mina (3 h.), visitar as oficinas, a central electrica, as duas magnificas represas com a capacidade de 6 e 2 milhões de m. c., e na maior das quais há barcos de recreio que o visitante pode utilizar. Há ainda biblioteca, teatro, campos de foot-ball e de tennis, est. de correio e telégrafos, etc.

Uma linha férrea privativa, de 18 km., liga a Mina ao Pomarão. (Transporte gratuito de passageiros em zorras e auto-zorras, respectivamente em 1 h. e 1/ h. Percurso pitoresco). A linha atravessa as oficinas e entra no vale dos Chumbeiros em declive. A primeira est. é a do Telheiro, deixando-se à esq. o estabelecimento metalúrgico da Achada do Gamo, ligado à mina por um ramal de 3 km. Depois sobe-se para Santana de Cambas, pequena aldeia que se vê à esq. O panorama é amplo e muito belo. Atrás de nós ficam S. Domingos e os m ntes de Espanha. Seguimos já perto da fronteira. Para la cava-se o Chança, que forma aqui o limite natural entre os dois países. A linha desce agora, passando à dir. de outra pov., A dos Bens. Espanha Pueblo de Guzmán. Atravessamos agora uma região mais acidentada. Depois de um pequeno túnel, a linha segue um vale entre colinas cobertas de mato. Os terrenos continuam movimentados, deles em curva. Ao sair do último tunel, damos de cara com a larga toalha de água do Guadiana. Estamos no Pomarão (p. 165).