Boletim de Minas- ano de 1911

Ano: 
1911
Descrição: 

Mina de S. Domingos

Os trabalhos de lavra a céu aberto, para ataque da parte incen diada da massa, continuaram desde o piso 90 ao piso 122 sem in cidente apreciável, dando-se um movimento ascencional na quanti dade de minério extraído das cortas em contraste com uma diminui ção relativa nas despesas de exploração. Deu-se durante 1911 nestes trabalhos um aumento de 16.644 toneladas sobre o ano de 1910 (99.448 toneladas em 1910 e 116.092 em 1911).

Nos trabalhos subterrâneos o capitulo importante da ventilação, que ficou completa, com a conclusão das obras no Poço Fundo, a Poente, e do Poço do Nascente na massa, estabelecendo-se a comu nicação com todos os pisos em exploração, carecendo apenas do au xilio ocasional dalgumas pequenas ventoinhas, teve neste ano uma despesa de 13.751,965 escudos, tendo sido do ano anterior de es cudos 17.902, o que perfaz um total para a instalação de ventilação de 31.653,965 escudos.

No esgoto, incluindo a bomba eléctrica, gastaram-se 8.204,795 escudos e foram extraídos 85.589 metros cúbicos de água. Houve, portanto, sôbre o ano anterior, uma diminuição de 3.912 metros cú bicos de água e 1.275.375 escudos na despesa.

A quantidade de minério extraido da mina durante o ano de 1911 foi de 425.967 toneladas, incluindo o minério classificado como esté ril na quantidade de 2.368 toneladas.

Para este total concorreram as cortas com 116.092 toneladas e os trabalhos subterrâneos com 309.875 toneladas. A divisão feita no campo da escolha, retirando o estéril misturado com o minério, na quantidade de 7.763 toneladas, e deduzindo as perdas inevitáveis, 5.398 toneladas, deu o total de produção aproveitável de 412.806 toneladas, superior em 51.710 toneladas à de 1910.

Tendo sido no ano de 1910, o custo da lavra da mina 403.836,432 escudos, resulta para cada tonelada das 412.806 toneladas aprovei tadas o custo de 97,8 centavos. Todos os pisos em exploração contribuíram para o total da produção, tendo sido o rendimento do piso 150 de 60.787 toneladas em comparação com 12.808 arrancadas em 1910, e mantendo os outros pisos, com ligeiras diferenças, as mesmas quantidades.

Terminou-se em Maio a nova instalação de gás pobre, começada no ano de 1910, principiando imediatamente a funcionar com bons resultados.

Começou em 1911 a instalação dum novo projecto de extracção: por cabo metálico sem fim, que, suprimindo a tracção animal nos tra balhos subterrâneos, conduzirá à superficie os minerais arrancados e introduzirá na mina a pedra necessária aos recheios. Achando-se já concluidas quási todas as obras preparatórias e importados os apare lhos precisos, supõe-se o seu funcionamento para Junho de 1912.

Desde o 1. de Janeiro de 1911, o pessoal operário dos trabalhos subterrâneos ficou com o relêvo de 8 horas em vez de 10 horas que tinha tido até aquela data, o que significa 7% horas de trabalho, pois que 3 de hora são destinados às refeições e descida. Para os trabalhos do exterior foi estabelecido o dia de trabalho de 8 / ho ras.

O teor médio do minério extraído durante o ano foi de 0,92 por cento em cobre, sendo em 0,02 por cento superior ao do ano de 1910.

O teor médio do enxofre manteve-se o mesmo, 48,3 por cento. A existência de minério depositado na Achada do Gamo teve um aumento de 94.298 toneladas durante 1911, sendo o total ali deposi tado em Dezembro de 1911 de 438.960 toneladas. As causas deste aumento foram o aumento de produção, principalmente das cortas, e a diminuição de mineral lavado exportado, que passou de 46.492 to neladas em 1910 para 41.738 em 1911. Beneficiou com este aumento a quantidade de precipitado de cobre fabricado, 1.329 toneladas em 1911 contra 1.188 toneladas em 1910, e a sua qualidade, que, de 68,24 por cento em cobre em 1910, passou para 73,76 por cento em 1911. Tendo sido o custo de tratamento de 154.802,954 escudos, re sulta para cada tonelada de cimento produzido o custo de 116,480 escudos.

A exportação de mineral acusa para 1911 uma diminuição de to neladas 17.211, 292.284 toneladas em 1910 e 275.073 em 1911. As causas desta diminuição foram os temporais do inverno de 1911 e o mau estado da barra do Guadiana, que, muito assoreada pelas areias, não permitiu a carga completa dos navios e impediu os complemen tos da carga fora da barra. Estas causas ficarão corrigidas logo que esteja terminada a dragagem do canal de saída do Guadiana para o alto mar.

O número de dias de trabalho no ano de 1911 foi de 296. A extensão de galerias e travessas abertas foi de 36,30 em mi neral e 563,30 em estéril. O número de metros feitos foi de 5,80 em poços mestres e 18,20 em poços de ventilação.

O número de metros cúbicos de massa metalifera arrancados foi de 68.034,4 o que dá para a produção de minério limpo aproveitá vel de 412.806 toneladas, uma média de 6,07 toneladas de minério por metro cúbico de massa.

O número de frentes de desmonte foi de 12. O preço do desmonte saiu a 163,8 centavos para os trabalhos subterrâneos e a 116 centavos paro os a céu aberto, por tonelada.

O custo de mão de obra por metro de galerias em mineral foi de 28,500 escudos, galerias em estéril 9 escudos, poços em mineral 30 escudos e poços em estéril 23 escudos. Os salários dos operários mantiveram-se aproximadamente iguais aos de 1910. O regime do trabalho é mixto, jornal e empreitada. O metro cúbico de costaneiras custa na mina 7,330 escudos e o de toros 5,620 escudos. Estas madeiras são trazidas de Viana do Castelo por barcos de vela até o porto do Pomarão, e dai pela via férrea até a mina. O preço da pedra para construções é de 20 centavos o metro cúbico. Us motores que trabalham na mina são: no esgôto: 1 bomba eléctrica de 531 HP, 1 motor de 60 HP (eléctrico) e 1 outro tambem mo vido pela energia eléctrica de 54 HP; na extracção, 3 motores de expansão, de 531 HP, 230 HP e 30 HP, e 1 motor eléctrico de 54 HP; na trituradora, 1 motor de vapor de 30 HP: noutros serviços, 2 compressores de ar a vapor de 432 HP e 357 HP, e 1 a gás po bre de 240 HP, 1 motor para o gerador de electricidade de 40 HP, 1 bomba a vapor para o fornecimento de água de 28 HP, 1 perfura dora americana a vapor de 25 HP, 1 motor no poço n.° 6 de 20 HP, 1 motor nas oficinas de 20 HP, e 2 geradores eléctricos, 1 de 400 HP e 1 de 300 HP; existem mais: 1 de 54 HP, 2 de 30 HP, 2 de 11 HP e 4 de 5 HP.

O número de locomotivas em serviço nos transportes das cortas, Vale de Mota, Achada do Gamo (campo de cementação) e pôrto do Pomarão foram, 6 de cilindro de 14 polegadas, 7 de 12 e 10 de 10. Os acidentes havidos no pessoal operário durante o ano de 1911 foram: feridas contusas 95, contusões 160, ferimentos 121, fracturas 5, produzindo 3 mortes, luxações 1, esmagamentos com morte 2, queimadura 1, e diversos 2 com 1 morte. Total dos acidentes 387. Número de mortos 6. Resulta, pois, para a população operária de 2:720, uma percentagem de 14,24 de acidentes e 0,22 de mortes por acidentes. A percentagem de mortes para o número de acidentes é apenas de 1,6. As escolas primárias e de desenho continuaram funcionando com toda regularidade.

Foi grande o movimento da Cooperativa de géneros alimenticios e vestuário, criada entre os empregados e operários da mina, desde o mais graduado ao mais modesto. Com esta organização conseguiu-se mui económicamente a alimentação e vestuário, com géneros de toda a confiança, resultando um dividendo útil para o pequeno empregado e o operário que coloca as suas economias nas acções da empresa. É uma instituição útil e educativa, trazendo o espirito da economia que tam pouco espalhado é entre nós.