António José Sebastião

Nome do Pai: 

José Bernardo

Nome da Mãe: 

Ana do Carmo

Data de Nascimento: 
1884-12-09
Data de Baptismo: 
1885-02-16
Local do Registo: 
Corte do Pinto
Distrito / Pais (se for estrangeiro): 
Beja
Concelho: 
Mértola
Freguesia: 
Corte do Pinto
Local de Nascimento: 
Corte do Pinto
Estado Civil: 
Casado
Nome do Cônjuge: 
Data do Casamento: 
1910-12-29
Local do Casamento: 
Ourique
Filhos: 

José Sebastião e Silva - Matemático

Residência - Localidade: 
Mértola
Data de Falecimento: 
1924-05-18
Local de Falecimento: 
Mértola
Local da Sepultura: 
Mértola
Informação Pessoal: 

Biografia

Assento de Nascimento: 
Assento de Casamento: 
Assento de Casamento (2ªs núpcias): 
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Profissão / Categoria: 
Comerciante
Local de Trabalho: 
Mina de São Domingos
Notas adicionais: 

Aos 16 dias do mês de fevereiro do ano de 1885 nesta igreja paroquial de nossa senhora da conceição concelho de Mértola diocese de beja batizei solenemente o indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de António e que nasceu neste aldeia da Corte do Pinto às 11 horas da noite do dia 9 do mês de dezembro do ano de 1884 filho legítimo primeiro do nome e do primeiro matrimónio de José Bernardo, barbeiro, natural desta freguesia e de Ana do Carmo natural da vila de Paymogo recebidos nesta igreja paroquial, moradores nesta aldeia neto paterno de António Lourenço e de Maria Bernarda naturais desta freguesia e materna de Manuel francisco Rofacho e de Maria do Carmo naturais da freguesia de Santa Maria da vila de Serpa foi padrinho António Sebastião trabalhador solteiro e José Francisco Rofacho solteiro, oleiro, moradores neste aldeia os quais sei serem os próprios e para constar lavrei em duplicado este assento que depois de ser lido e conferido perante os padrinhos não assinam por não saber escrever.

Era ut supra

O pároco João Inácio Godinho

Casou com maria Emília Nobre Silva na igreja do Salvador do concelho de Ourique em 29 de dezembro de 1910

Aos vinte e nove dias do mês de dezembro do ano de 1910 nesta igreja paroquial do salvador concelho de Ourique diocese de Beja na minha presença e das testemunhas infra nomeadas compareceram os nubentes António José Sebastião e Dona Maria Emília Nobre Silva os quais sei serem os próprios com todos os papéis do estylo correntes e licença para se poderem receber nesta igreja paroquial e sem impedimento algum canónico ou civil para o casamento, ele de idade de 25 anos solteiro comerciante natural e batizado na freguesia de Corte do Pinto concelho de Mértola desta diocese e morador na Mina de São Domingos da mesma freguesia filho legítimo de José Bernardo natural da referida freguesia de Corte do Pinto e da Ana do Carmo natural da vila de Paymogo, Hespanha ela de idade de 28 anos solteira professora oficial natural e batizada nesta freguesia e moradora na freguesia referida da Corte do Pinto filha legítima de Eugénio Augusto da Silva natural de Messejana concelho de Aljustrel e de Dona Joana Perpétua Nobre Silva natural da freguesia e concelho de Castro Verde desta diocese os quais nubentes se receberam por marido e mulher e os uni em matrimónio procedendo em todo este acto conforme o rito da santa madre igreja católica apostólica romana. Foram testemunhas presentes que sei serem os próprios José da Graça Marim casado comerciante morador em lagoa e José do Carmo Cristina casado secretário da câmara deste concelho e para constar lavrei em duplicado este assento que depois de ser lido e conferido perante os cônjuges e testemunhas assino com eles

Era ut supra.

Vai collado o sello da taxa de 100 reis devidamente inutilizado.

No dia 18 do corrente começou a circular por esta cidade a triste notícia da morte do nosso prezado amigo e prestante correlegionário senhor António José Sebastião chefe da secretaria da câmara municipal de Mértola e diretor e proprietário do nosso colega “O despertar”. Apanhados de surpresa pois ninguém esperava o desenlace fatal ao princípio não damos crédito aos boatos que insistentemente corriam de boca em boca mas tivemos que nos render a evidência dos tristes factos pois uma pessoa da família do extinto acabada de chegar de Mértola e confirmava infausta notícia. O nosso pobre amigo já não pertencia ao número dos vivos.

Trabalhador incansável António José Sebastião era uma bela alma sempre pronto a perdoar aos seus inimigos o muito mal que fizeram. Mas se o nosso infeliz amigo tinha adversários que não lhe perdoavam o ele ser alguma coisa nesta vida em compensação tinha imensos e verdadeiros amigos que muito presavam seu convívio.

Homem de rija têmpera jamais sentiu o cansaço das lutas políticas em que Mértola é fértil estando sempre na brecha a combater pelo seu ideal e dando todo seu esforço ao partido em que militava. Era temido e odiado por uns pelos seus adversários políticos; querido e respeitado por outros pelos seus correligionários e por todos aqueles a quem a política não cega.

António José Sebastião era natural de Corte do Pinto vindo muito novo para Mértola de cuja câmara era atualmente secretário. Foi em algumas situações administrador do concelho de Mértola tendo ainda não há muitos meses deixado de exercer aquele cargo.

Fez-se político e filiou-se no partido democrático. Aguentou se nos maiores embates, foi soldado de primeira fila e por fim orientou e sustentou a política do seu partido em Mértola. Como administrador de concelho soube, com justiça ser recto e zelar os interesses do povo. Não consentiu desperdícios e repudiou os que o queria levar a favorecer a actos desonestos.

Ainda há poucos dias representando o partido democrático de Mértola no congresso do Porto fez-se ouvir com atenção e respeito. Era uma inteligência privilegiada no tribunal de Mértola onde como solicitador teve casos sérios a defender. Saiu sempre dessa defesa com brilho. Os seus constituintes quase sempre reconquistavam a liberdade.

Foi em resumo um bom cidadão. Como chefe de família deixa viúva a excelentíssima senhora dona Maria Emília Silva Sebastião e 4 inocentes mas encantadoras crianças. Para a primeira foi um esposo exemplar para estes foi um pai carinhoso, para os seus correligionários era uma garantia.

Para os seus amigos era um benemérito para os estranhos eram um atencioso. Belo rapaz. E depois o que o matou? A luta. A política, o combate constante.

Estar em ação era a sua divisa. O seu funeral foi uma verdadeira apoteose, como a muito se não via. Mértola inteira, numerosos habitantes da Mina de São Domingos, muitos de todo o concelho quizeram num gesto de verdadeira homenagem render-lhe o último preito.

E isto fez-se tão sinceramente com tanto sentimento com tanto amor que por todas as partes por onde passava o cortejo fúnebre se soluçava e se soluçou sempre até desaparecer na triste catacumba, coberto de coroas. Foi então tocante a cerimónia presidida pelo ilustre magistrado doutor juiz José Pequito Crespo acompanhado do doutor delegado senhor João Pedro M. Gaivão. Faz-se um silêncio. De entre a multidão ouve-se alguém dizer: doutor juiz dá licença que dei o último adeus ao nosso amigo?

À resposta afirmativa o senhor António Pedro Nunes começa a sua oração e a breve trecho era interrompido com os choros convulsos e palavras de aprovação.

Segue-se no uso da palavra um seu dedicado amigo que fala em nome dos operários da mina. É o senhor António João Amaro. Fala ainda o professor oficial senhor Gonçalves Borrega que numa linda prece num hino encantador comove a assistência fazendo a apologia do morto.

Que descanse em paz o nosso inditoso amigo e receba a sua desolada família a expressão sincera do nosso pesar.